segunda-feira, 13 de julho de 2009

Harry Potter versão comédia romântica

Harry Potter já foi conto de fadas, drama, ação, já teve um quê político e agora estreia na versão comédia romântica. Em uma franquia tão extensa, este é o sexto de oito longas, a estratégia ajuda na fuga à mesmice. "O Enigma do Príncipe" consolida a liderança do protagonista como pivô na derrota do vilão Voldemort, mas deixa a briga toda para o final, que será dividido em dois filmes.


Do lançamento mundial no próximo dia 15, os fãs podem esperar um clima tenso, mas sem urgência. A história começa mostrando que o mal está solto, inclusive no mundo dos trouxas. Os vilões rondam, mas ainda não atacam pra valer. A não ser no fim, quando acertam um golpe fatal na escola de Hogwarts e seu diretor.

Os bruxos do lado negro da força, aliás, estão bem na fita. Severo Snape está com um visual menos seboso e, apesar de não aparecer muito, dá intensidade certa e sutil à confirmação de que não merecia votos de confiança. O caçula entre os comensais da morte, Draco Malfoy, também desfila com bem menos gel no cabelo e uma missão tão terrível que o atormenta o tempo todo. Outro destaque é a tia dele, Belatriz Lestrange, vivida pela genial Helena Bonham Carter. Debochada e sem remorsos, é a bruxa má por quem o público torce escondido. Da ala bandida, a única decepção é o Lobo Grayback, que no livro é super assustador e, nas telas, parece apenas um fortão feioso.

História

O diretor David Yates se mostra mais à vontade em "Enigma do Príncipe", o segundo que comanda. Isso porque, independentemente de você gostar ou não das escolhas que ele faz ao destacar um certo aspecto do livro ou descartar outro, a adaptação ao cinema ficou bem coerente. Se em "A Ordem de Fênix", ele quis passar a relevância política dos temas tratados por J.K. Rowling, na sequência, ele assume que o foco são as relações afetivas e se mantém fiel a isso.

O envolvimento romântico dos melhores amigos de Harry, Ron Weasley e Hermione Granger, tem bastante destaque. Mais até do que o do próprio Potter e a irmã de Ron, Gina Weasley (será que guardaram o grande romance para o final?). O ruivo, na verdade, é a estrela do filme em vários momentos. Responsável pelas melhores piadas e alvo de muitos close-ups. Se a ausência recorrente das partidas de quadribol não fosse uma queixa tão antiga dos fãs, daria pra suspeitar, inclusive, que as cenas mostradas neste episódio estão lá só por causa do goleiro inseguro e engraçado.

Em termos de roteiro, uma escolha de Yates que funcionou bem e ajudou a enxugar o excesso de informações do livro foi o foco no novo professor de poções Horácio Slughorn. Ele passa a ter um pouco mais de relevância pro enredo do que na versão impressa, mas isso simplifica voltas que Harry e Dumbledore dão para alcançar o objetivo de localizar e destruir as horcruxes - "amuletos" que mantêm Voldemort indestrutível.

Mas se o diretor deu várias bolas dentro, deixou uma grande rolar sob as pernas. O momento mais dramático de todos, quando Dumbledore perde para Snape, não chegou perto da intensidade que Rowling conseguiu passar nas páginas. Uma falta grave. Em compensação, o autor criou suspenses novos que ficaram interessantes. Informações que os leitores têm desde o princípio dos capítulos, no filme são adiadas em algumas passagens e ajudam a manter o ritmo. Se toma lá, dá cá.